segunda-feira, julho 31, 2017

Sorriso de quase nuvem, os rios, canções, o medo O corpo cheio de estrelas

Então, cheguei no Chile faz uns três meses, mas já flerto com Santiago há um tempo. Quando cheguei, estava com expectativas de choque cultural, de uma imersão na cultura Latina a qual nós brasileiros somos isolados. Confesso que fiquei um tanto decepcionada logo que cheguei com a invasão Yanque. Todas as marcas mais famosas e fastfoods espalhados como chuchu na serra. Cinabom, Wendys, TacoBell, Starbucks em cada esquina. Fiquei triste, "não vai ter nada de diferente neste mundo Globalizado"! Era mais do mesmo, só que em castellano.
Qual não foi minha surpresa quando entendi que as diferenças estão nos detalhes. A batata de casca roxa não é doce e sim um estilo de batata asterix. O espinafre não é aveludado. A couve tem folhas pequenas, encrespadas, umas roxas, outras verdes. Tem o pepino fruta. Bolo não é tarta, é Queque (estrangeirismo de Cake). Pastel é torta. E sopapilla não é um tipo de sopa, é.... um pastel sem recheio. Ah, agora sim! Realmente "há mais entre o céu e a terra que pode imaginar nossa vã filosofia". Ainda há coisas novas para descobrir e conhecer na América Latina.
Minha historia de descoberta da América Latina começou lá em 2005, quando em intercâmbio na Itália, resolvi estudar história da Economia Europeia. Qual não foi minha surpresa quando passamos a estudar a expansão marítima Européia e o foco foi a colonização Espanhola. Claro, faz sentido, se estamos fazendo um resumão, nada mais lógico que analisar o processo de 99% dos países. Mas pra mim foi um choque, pois pude ver o outro lado da moeda e aí comecei a perceber o quanto somos distantes, apesar de vizinhos. Nesta época fiz um pacto comigo mesma, conheceria a América Latina de cabo a rabo e faria de tudo para diminuir este abismo. Bem, podemos dizer que não fui muito competente em cumprir este pacto, mas fato é que, 12 anos depois, me encontro morando no Chile e sinto a enxurrada de emoções desta época emergir.
Hoje eu vejo muito mais claro que a língua por si só é um abismo que dificulta qualquer intercâmbio. Entre os outros países "hispanofalantes" há diferenças, divergências, mas vejo um intercâmbio muito maior. Um trânsito livre de pessoas, cultura, comida, musica, livro. E nós brasileiros não temos ideia do quanto perdemos. A cada detalhe que descubro, seja na história, na culinária, na comida, no costume, me encanto mais com esse pedacinho da América Latina. O Chile pra mim está sendo um grande portal de entrada nesse El Dorado de uma cultura tão rica que sempre esteve tão perto e ao mesmo tempo longe.

P.S.: Adoro essas comédias românticas que no fim das contas @ mocinh@ descobre que o grande amor da sua vida esteve ao seu lado o tempo todo e nunca reparou. Latinoamerica, te amo!!

P.S. do P.S.: O título do post é inspirado na canção Sou loco por ti, América, composta por Gilberto Gil e Capinam. Mate a curiosidade com minha versão preferida, a de Caetano, no Spotify seguindo a playlist do Blog Visage ou no Youtube.

P.S. do P.S. do P.S.: Esse foi o primeiro post com colaboração! 😄 A revisão do texto foi do Rhommel Bezerra, roteirista, Diretor Teatral e Produtor Cultural.

sábado, agosto 01, 2015

Não é bem assim.

Deu vontade de "falar" algo por aqui. Não tinha ideia e encontrei um rascunho antigo, mas bem interessante das minhas aventuras com meus irmãos. Fui filha única até os 14 anos e sempre rogava por irmãos, afinal, "não podia ficar sozinha neste mundo o resto da vida". Foram tantas as preces que meus pais providenciaram mais três crianças de seus novos casamentos. Se por um lado continuo sendo filha única de pai e mãe, por outro tenho o privilégio de ser "irmãe" desses pirralhos únicos, figuras e essenciais na minha vida. O fato de ser irmã muito, mas muito mais velha me permite fazer uma das melhores brincadeiras que tenho. No auge dos trinta e tal a cobrança social por ser mãe é inevitável. Pra dizer um não delicado e mudar o assunto ponho a culpa nos meus pais que já gastaram meu instinto maternal me pondo pra criar os irmãos.
Na época em que tinha facebook (sim, já tenho algo em torno de nove meses sem face) postava histórias curtas com as pérolas dos meus irmãos e o pessoal da minha timeline parecia gostar. Ao menos tinha alguns likes e comentários. As vezes eles soltam umas tão boas que dá vontade de voltar pro face só pra compartilha-las. Acho que este espaço pode servir como essa válvula de escape.

Ia a um restaurante para a despedida de uma amiga que viajaria em intercâmbio. Ouvindo a palavra 'sair' Bia logo se prontificou para ir junto. Nunca a vi resolver exercícios de matemática com tanta rapidez. Estendi o convite a João que obviamente preferiu ficar em casa assistindo a algo. Fomos então para nosso processo de escolher a roupa. Algumas combinações e mexidas no armário depois ela estava se vestindo quando João entrou no quarto. Ouvindo a palavra 'restaurante' JP se prontificou a se arrumar para ir 'jantar no restaurante'. Daí por diante o diálogo foi  seguinte.

- João, você não queria sair e não vamos jantar! Você não vai com a gente, vai ficar em casa com o amigão.
- Então, eu vou chamar meu pai pra encontrar você no restaurante depois pra jantar.
- João, ninguém vai jantar. Vamos encontrar minha amiga lá pra conversar e me despedir que ela vai morar em outro país por um tempo.
- Então, vou chamar meu pai para ir em outro restaurante comigo jantar.
- João, entende uma coisa, você já jantou. Não vai comer mais. Ninguém vai jantar.
- Então eu vou chamar meu pai pra concertar o caralho desse DVD pra gente assistir a um filme!

Nesse momento me agachei pra não cair no chão de tanto rir. Acho que ele se convenceu que realmente não queria sair para não jantar.

sábado, novembro 23, 2013

Alma

O que me mata
É essa alma de artista que exala!
Alucinada alma,
Inquieta  a razão
E aperta o coração.

Cecilia

domingo, março 10, 2013

Whenever I'm down call on you my friend

Nos últimos tempos, eu diria de uns seis meses pra cá, tenho visto a vida de minhas/meus amig@s passarem por várias reviravoltas. Nenhuma maior que a minha, por isso, ainda mereço o último brownie (referência, Um lugar chamado Notting Hill). :P Não resisti à piada.
Mas voltando ao que interessa, a forma como elas/eles lidaram com essas reviravoltas e os resultados me enchem de orgulho! Daí lembrei de um ditado que fala assim, "diga-me com quem andas e te direi quem és ". Olhei ao meu redor e sabe o que aconteceu?  Eu gostei muito do que vi!!! 
Vi mestres quase doutores, gerentes de ato e de fato, esposas dedicadas, maridos apaixonados, mães/pais exemplares, filh@s/net@s compassiv@s, cidadã(o)s honestos!! Gente que voltou atrás pra dar dois pulos na frente! Gente que foi construindo seu castelo uma pedrinha de cada vez! Gente que foi pra longe e voltou (as vezes muitas vezes), quase desistiu, persistiu e construiu, aliás, constrói sua carreira de maneira sólida. Gente pra quem o sonho não acabou, que acredita que outro mundo é possível, que acredita na revolução e no amor. Gente que conquistou terras longínquas, o velho e o novo mundo. Gente que ultrapassa as limitações do corpo, da mente, da dor. Gente que ultrapassa o limite da ignorância e intolerância e assume, seu Deus, seu parceir@, com coragem e orgulho. 
Percebi que estou cercada de guerreir@s, de vencedores. Sendo piegas, sou abençoada por tant@ amig@ bom/boa! É claro que nenhum(a) deles(as) é perfeit@, cada um(a) tem seu defeito. Não se trata de ser perfeit@ para ser boa/bom. Na teoria tudo é perfeito, a prática é que mostra quem realmente somos.  E @s minhas/meus amig@s não se mostraram pervers@s, mau caráter, dissimulad@s, etc... com isso me orgulho mais deles(as).
Não quis por nomes, não é necessário. Quando você ler, amig@, vai saber que estou falando de você.

quarta-feira, setembro 05, 2012

The best you ever had Is just a memory and those dreams Weren't as daft as they seemed

Uma das minhas séries preferidas é Game of Thrones (GOT), da HBO, que me viciou também na série literária Crônicas de Gelo e Fogo. Nela o R. R. Martim descreve um fantástico mundo medieval na fictícia Terra de Westeros. Esta Terra é formada por sete reinos dominados por clãs ancestrais que, por um sistema de vassalagem, estão submissos ao Rei dos sete reinos, aquele digno do Trono de Ferro. Eu simpatizo com diversos desses clãs, ou casas, a exceção dos Greyjoy,das Ilhas de Ferro. Eles são muito duros e secos para mim. Outra exceção seria os Targaryens que estão exilados de Westeros, mas continuo considerando-os uma Casa dos Sete Reinos e estão entre meus favoritos.Ousaria dizer que minha Casa preferida é a Stark, os Senhores do Norte. Mas tenho certeza de qual Casa faria parte, eu seria Tully pela afinidade com o seu lema: "Família, Dever e Honra".

Nossa, esse super rodeio e mega resumo de GOT é só pra falar da minha ligação com a família. Bem, eu confesso não ser aquela pessoa super presente, que agrega todo mundo e mantêm contato. Mas sou "arroz de festa"! Aniversário, casamento, formatura, batizado, eu tô dentro quando possível. Isso me levou a fazer uma tatuagem em 2005. As iniciais do meu pai e mãe atrás da orelha. Como uma pulga atrás da orelha que sempre me faz pensar duas vezes.

Há alguns anos quero fazer outra, a quarta tatuagem, mas não me sentia segura do desenho. No início veio a ideia de um dragão. Algo no estilo de Falcor de História sem Fim, ou Viagem de Chihiro, em forma de oito representando o infinito. Essa ideia foi morrendo e dando lugar a outra, a de homenagear meus irmãos. Mas o que? Danei a pensar. Quatro besouros? Quatro estrelas? Não. Sem graça. Algo faltava. Lembrei de uma tatuagem que era mais ou menos um bracelete de smiles de vários estilos. Daí fui maturando a ideia de um ideograma formado por quatro figuras que representaria cada um de nós.

O conceito geral surgiu e ficou, mas restava escolher os símbolos. O exercício era simples. Se eu pensar na pessoa qual a primeira imagem ou palavra que vem? O primeiro símbolo decidido foi o meu, um gato. Por mais que pareça pretensão é pela identificação com a personalidade felina. A independência emocional (mesmo que fingida) e o isolamento. Em seguida veio a imagem do João Pedro, o Sol. Porque onde quer que chegue ele ilumina a todos. Seu carisma e iluminação não se discute. Mas ainda faltavam dois. Matutei mais um pouco e encontrei o símbolo da Bia, o Diamante. Assim expressava sua majestosa vaidade e preocupação com os detalhes.

O símbolo que mais demorou a dar as caras foi o de Lucca, a Coroa. Até perguntei a ele o que queria que o representasse, e com aquele ar imponente, displicente e inabalável, como seu topete, respondeu que não sabia. Ele era esperto demais para se auto definir. Aliás, para se definir de forma tão limitante, uma palavra, uma imagem. Ele precisaria de uma tela inteira. Isso caberia a mim, "irmãe" mais velha, ridiculamente politicamente correta demonstrar que são todos iguais e podem ser simples em sua significação. Fiz meu exercício repetidas vezes até que a coroa se apresentou. Primeiro associei a arrogância e autoritarismo. Características que sempre nos fazia brigar como se tivéssemos sete anos, apesar da singela diferença de quatorze anos. Por fim entendi que era por sua majestade. Lucca era um garoto impecável, educado e respeitado por onde quer que fosse. Então, com minha obra prima em mente parti para a materialização. Montei o ideograma com imagens buscadas na internet (Salve, Google!) e apresentei a um dos "musos". O que recebi foi um insosso "é, tá legal".

E foi assim. Um mês antes de sua partida minha nova tatuagem, o ideograma dos quatro irmãos estava pronto. Aguardava Lucca escolher sua tatuagem para fazermos juntos. E agora, em meio a dor e a saudade, foi o momento certo para tatuá-lo.

Agora carrego meus irmãos sempre comigo. =,)



P.S.: O título veio da canção Fluorescent Adolescent, de Arctic Monleys. Para conhecer só seguir a lista do blog no spotify Visage (vir aqui, pra ouvir no Grooveshark), ou aqui, pra ver o clip e conhecer a música.